Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de março, 2016

Crônicas do Cotidiano - Miss Sarajevo

Baseado em fatos reais. O pai tinha conseguido no mercado de pulgas — duas batatas, duas bananas podres e um rabanete. A primeira reação da esposa foi de alivio, pois teriam o que comer aquele dia. A filha mais nova se prontificou a pegar lenha no quintal, enquanto a mãe cortava os alimentos para o preparo da sopa. Neste meio tempo, o pai sentou-se no sofá da sala para ouvir as últimas noticias no rádio; Sarajevo estava sitiada e cercada por tropas inimigas há mais de três anos. Quem não conseguiu fugir, temia pelas incertezas da vida. — Onde está Svetlana? — perguntou o pai, a respeito da filha mais velha. — No quarto, ouvindo música. — respondeu a mãe. — Svetlana! Svetlana! Svetlana não ouviu os gritos do pai. Estava com o som ligado no último volume, tinha vestido sua melhor roupa, calçado botas, passado batom, cantava e representava feito uma pop star internacional. — Svetlana! — gritou a mãe. — Essa menina precisa parar de sonhar. — resmung

Mucho gusto por Mario Benedetti ( Cuento )

Se habían encontrado en la barra de un bar, cada uno frente a una jarra de cerveza, y habían empezado a conversar al principio, como es lo normal, sobre el tiempo y la crisis; luego, de temas varios, y no siempre racionalmente encadenados. Al parecer, el flaco era escritor, el otro, un señor cualquiera. No bien supo que el flaco era literato, el señor cualquiera, empezó a elogiar la condición de artista, eso que llamaba el sencillo privilegio de poder escribir. -No crea que es algo tan estupendo -dijo el Flaco-, también hay momentos de profundo desamparo en lo que se llega a la conclusión de que todo lo que se ha escrito es una basura; probablemente no lo sea, pero uno así lo cree. Sin ir más lejos, no hace mucho, junté todos mis inéditos, o sea un trabajo de varios años, llamé a mi mejor amigo y le dije: Mira, esto no sirve, pero comprenderás que para mí es demasiado doloroso destruirlo, así que hazme un favor; quémalos; júrame que lo vas a quemar, y me lo juró. El señor cual

Caixa do Correio # 15 ( Especial) Parte Final

Lygia Fagundes Telles é indicada ao Nobel de Literatura 2016 Indicação foi feita pela União Brasileira de Escritores. Escritora paulistana de 92 anos já recebeu os prêmios Camões e Jabuti. A União Brasileira de Escritores (UBE) enviou nesta quarta-feira (3) à Academia Sueca a indicação de Lygia Fagundes Telles para o Prêmio Nobel de Literatura deste ano. A diretoria da entidade elegeu a escritora paulistana por unanimidade. "Lygia é a maior escritora brasileira viva e a qualidade de sua produção literária é inquestionável", disse Durval de Noronha Goyos, presidente da UBE, em comunicado. O anúncio do Nobel de Literatura deve acontecer em outubro deste ano em Estocolmo, na Suécia. No ano passado, a jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich foi a vencedora. Nenhum brasileiro venceu o prêmio até o momento. Lygia Fagundes Telles, de 92 anos, recebeu vários prêmios ao longo da carreira, tais como o Camões (2005), e o Jabuti (1966, 1974 e 2001). Ela tem ob

Caixa do Correio # 15 ( Especial) Parte - I

        1. As Meninas  - Lygia Fagundes Telles I  2.  Coleção Melhores Poemas  - Cecília Meireles  I 3 . A Mulher do Vizinho   - Fernando Sabino.                            ETIQUETA: LYGIA FAGUNDES TELLES       Q uarta filha do casal Durval de Azevedo Fagundes e Maria do Rosário Silva Jardim de Moura, nasce na capital paulista, em 19 de abril de 1923,   Lygia de Azevedo Fagundes , na rua Barão de Tatuí. Seu pai, advogado, exerceu os cargos de delegado e promotor público em diversas cidades do interior paulista (Sertãozinho, Apiaí, Descalvado, Areias e Itatinga), razão porque a escritora passa seus primeiros anos da infância mudando-se constantemente. Acostuma-se a ouvir histórias contadas pelas pajens e por outras crianças. Em pouco tempo, começa a criar seus próprios contos e, em 1931, já alfabetizada, escreve nas últimas páginas de seus cadernos escolares as histórias que irá contar nas rodas domésticas. Como ocorreu com todos nós, as primeiras narrativas que ouviu falavam

Los bomberos por Mario Benedetti ( Cuento)

Olegario no sólo fue un as del presentimiento, sino que además siempre estuvo muy orgulloso de su poder. A veces se quedaba absorto por un instante, y luego decía: "Mañana va a llover". Y llovía. Otras veces se rascaba la nuca y anunciaba: "El martes saldrá el 57 a la cabeza". Y el martes salía el 57 a la cabeza. Entre sus amigos gozaba de una admiración sin límites. Algunos de ellos recuerdan el más famoso de sus aciertos. Caminaban con él frente a la Universidad, cuando de pronto el aire matutino fue atravesado por el sonido y la furia de los bomberos. Olegario sonrió de modo casi imperceptible, y dijo: "Es posible que mi casa se esté quemando". Llamaron un taxi y encargaron al chofer que siguiera de cerca a los bomberos. Éstos tomaron por Rivera, y Olegario dijo: "Es casi seguro que mi casa se esté quemando". Los amigos guardaron un respetuoso y afable silencio; tanto lo admiraban. Los bomberos siguieron por Pereyra y la nerviosidad

The Revenant by Tarkovsky

"I remember the first time I saw the film   Tarkovsky   - I was shocked . I did not know what to do next . I was fascinated by his film , because suddenly realized that the film can contain an amount of meanings , which I could not think ahead " -   Alejandro González Iñárritu 17 scenes of The Revenant in comparison with Andrei Tarkovsky scenes Music: Ryuichi Sakamoto – The Revenant Main Theme

Pé glorioso e pé doloroso por Leandro Karnal

Um pé mostra o que aprendemos a admirar: a beleza da sapatilha de cetim, a habilidade, a graça da bailarina. O outro grita o custo disto. Todo conhecimento existe a partir de algumas dores e muitos esforços. Pouca gente percebe que um ser que fala bem línguas, ou dança, ou toca instrumentos, ou cozinha bem, tem, atrás da beleza do que faz, um enorme currículo de horas dedicadas, baladas perdidas e dores. Toda arte tem renúncia. Este é o famoso " goût de l’effort " (gosto do esforço) que os franceses tanto admiram. Para eles e para muitos outros, isto deve se repassado, desde cedo, às crianças e aos alunos. Nós, brasileiros, admiramos muito a intuição e a inspiração. São boas. Louvo também a transpiração.

Hecho de buena madera por Mario Benedetti

Copyright, Anwen Keeling " Estábamos sentados junto a la mesa. No hacíamos nada, ni siquiera hablábamos. Estábamos tristes, pero era una tristeza dulce, casi una paz. Ella me estaba mirando y de pronto movió los labios para decir dos palabras. Dijo ‘te quiero’. Entonces me di cuenta que era la primera vez que me lo decía. Entonces sentí una tremenda opresión en el pecho, una opresión en la que no parecía estar afectado ningún órgano físico, pero era casi asfixiante, insoportable. Ahí en el pecho, cerca  de la garganta, ahí debe estar el alma, hecha un ovillo. ‘Hasta ahora no te lo había dicho’, murmuró, ‘no porque no te quisiera, sino porque ignoraba porque te quería. Ahora lo sé’. Pude respirar. Siempre puedo respirar cuando alguien explica las cosas. El deleite frente al misterio, el goce frente a lo inesperado, son sensaciones que a veces mis módicas fuerzas no soportan. Menos mal que alguien explica siempre las cosas. ‘Ahora lo sé. No te quiero por tu cara, ni por

Caixa do Correio # 14

            1. Tu não te moves de ti  - Hilda Hilst I  2. Contos D´escarnio  - Hilda Hilst                                                                                 ETIQUETA: HILDA HILST Nasceu em Jaú, São Paulo, aos 21 de Abril de 1930. Em 1948, entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco), formando-se em 1952. Em 1966, mudou-se para a  Casa do Sol , uma chácara próxima a Campinas (SP). Ali dedicou todo seu tempo à criação literária. Casa do Sol   Poeta, dramaturga e ficcionista, Hilda Hilst escreveu por quase cinqüenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do país. Participou, desde 1982, do Programa do Artista Residente, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Apresentação de teatro, dentro da Casa do Sol Seu arquivo pessoal foi comprado pelo Centro de Documentação Alexandre Eulálio, Instituto de Estudos de linguagem, IEL, UNICAMP, em 1995, estando aberto a pesquisadores do